PELA
MANUTENÇÃO DO PÓLO FERROVIÁRIO DO BARREIRO
MANIFESTO
1- A HISTORIA
A escolha do Barreiro para terminal da linha do Sul e
Sueste, inaugurada em 1861, foi decisiva para o desenvolvimento económico e
social da vila e da região, tornando-se um pólo de atracção de populações,
oriundas dos concelhos vizinhos, do Alentejo, do Algarve e das Beiras, em busca
de melhores condições de vida e trabalho, colocando-o na senda da indústria
moderna (corticeira, química, metalo-mecânica).
O transporte ferroviário foi o paradigma do
desenvolvimento do Barreiro no século XIX, foi uma alavanca fundamental no
progresso durante século XX.
Na última década os comboios quase morreram na cidade
ribeirinha, pondo em risco o pólo Ferroviário com mais de 150 anos, sobre quem
recai hoje um processo de desmantelamento e destruição.
2- SITUAÇÃO ACTUAL
Esta situação não é nova, constitui o desenvolvimento
recente de uma má orientação com três décadas, seguidas pelas administrações da
CP, CP-CARGA, REFER e EMEF, cumprindo a estratégia do poder político.
Em
1994 foi encerrada a “Doca”- EMEF/Barreiro, onde se realizava a reparação e
manutenção dos barcos da CP agora SOFLUSA. A partir do dia 6 de Junho de 2004,
o depósito de material de tracção do Barreiro, deixou de ter relevância,
culminando na sua extinção. Os comboios de longo curso do Sul com tracção
eléctrica passaram a ter origem e chegada na estação de Lisboa/Oriente
contribuindo para a redução significativa do parque de material diesel.
Após a electrificação
da Linha do Sado no ano de 2009
torna-se incompreensível a não electrificação de 300m da linha de acesso às
oficinas da EMEF/Barreiro, sendo um obstáculo decisivo à entrada de material
circulante eléctrico nas oficinas, onde existe mão-de-obra potencialmente
qualificada para a manutenção e reparação desse equipamento, o que resolveria a
baixa taxa de ocupação efectiva que a EMEF tem no Barreiro, ao contrário dos
ajustamentos que tem realizado noutras oficinas.
3- DOIS MAUS EXEMPLOS
Assistimos
na Linha do Sado a constantes incumprimentos nos horários dos
comboios e nalguns casos à supressão dos mesmos, factos reveladores da falta de
respeito pelos utentes e que representam uma violação do serviço público de
qualidade que a CP deveria prestar. Para ultrapassar estes problemas históricos
há que acrescentar mais uma unidade motora e uma manutenção prestada em devido
tempo.
O sector dos
transportes, à semelhança do conjunto da economia nacional, está a ser
destruído para servir os interesses do grande capital, com custos dramáticos
para o presente e o futuro do nosso povo. Operando em condições mais favoráveis
que as empresas Publicas, a FERTAGUS é um bom exemplo do que significa as
privatizações. Todo o investimento necessário á exploração foi efectuado pelo
estado e pelas empresas públicas (construção da linha, estações, da catenária,
da sinalização, do material circulante), centenas de milhões de euros foram
pagos pelo orçamento do estado. Mas, na realidade a FERTAGUS, não tendo dividas
a carregar as suas contas, operando em condições muito mais favoráveis, pratica
preços que são quase o dobro dos da CP.
4 - QUE FUTURO?
O
documento que o Governo apresentou à Assembleia da República a que chamou de
Plano Estratégico de Transportes (PET), está orientado para prosseguir
as privatizações no sector, introduzindo embora elementos de propaganda
para neutralizar a resistência dos utentes, nomeadamente as medidas de redução
dos custos da força de trabalho. Mas o capital privado não poderá retirar do
negócio as mais-valias que pretende (mesmo com as indemnizações que se propõe a
receber do Estado!) e as privatizações terão como resultado o aumento de custos
para os utentes, tal como já faz a FERTAGUS.
Tratando-se
de um plano estratégico é absolutamente incompreensível que não tenha a mais
pequena menção sobre as empresas públicas estruturantes, como no caso da CP e
da EMEF. Conclui-se assim que o governo, na sua brutal ofensiva contra o
aparelho produtivo nacional, prepara a privatização da CP (linhas
potencialmente rentáveis) CP-CARGA e EMEF (onde já existe um acordo com a
Siemens).
5- OS TRABALHADORES
TEM DIGNIDADE!
Quando
em Portugal se acentua a recessão económica, aumentam as falências, o
desemprego, a miséria e a fome, é necessário e imperioso realizar, ao contrário
do que faz o governo PSD/CDS (com a cumplicidade do Partido Socialista),
politicas de valorização do trabalho, de promoção de emprego, de fomento da
produção nacional, de dinamização do mercado Interno, de defesa e recuperação
do sector público empresarial, de modo que o estado disponibilize alavancas
fundamentais para o desenvolvimento económico e social, afirmando corajosamente
uma política patriótica de independência nacional face ao exterior.
É imperiosa a
defesa e reforço do Pólo Ferroviário do Barreiro, no superior interesse da
economia nacional, na defesa dos postos de trabalho e da economia da região.
É a altura de
assumir activamente a defesa de tudo o que
está em causa, sendo importante concretiza-la num quadro de unidade na acção de
todos os trabalhadores Ferroviários, Utentes e População.
Nesse sentido
exigimos:
- Ao governo e à CP/EMEF,
que mantenham as oficinas da EMEF no Barreiro, reconvertendo-os para os
comboios eléctricos convencionais, reforçando as suas valências na manutenção,
reparação, construção de material ferroviário e electrificando o troço de 300
metros de ligação ao parque oficinal.
- A instalação no Barreiro do Parque Material e Oficina
para os comboios de Alta velocidade, como reforço da actividade ferroviária no
concelho, obtendo sinergias com a reparação dos comboios convencionais.
- Retomar a oferta
do serviço regional Barreiro /Alentejo e Algarve, cujo a supressão não teve em
conta as necessidades dos utilizadores e da forte ligação sempre existente nas linhas
do Sul e Sueste.
- A realização de
um estudo global no âmbito do PDM/Barreiro, para toda a área de afectação
ferroviária, equacionando toda a problemática, do património, do
desenvolvimento sustentado e da ocupação do solo, suscitando ao mesmo tempo um
contributo pedagógico dos barreirenses, através dos Sindicatos, Comissões de
Trabalhadores, Associações, Movimentos, ferroviários e população interessada.
Barreiro, 18 de
Setembro de 2012
Subscrevem o Manifesto: CGTP- Intersindical Nacional, União dos Sindicatos de Setubal, Sindicato
Nacional Trabalhadores Sector Ferroviário, Comissões de Trabalhadores da EMEF,
da CP E.P.E., da CP-CARGA, da REFER e SUB Comissões de Trabalhadores do
Barreiro, Comissão de Utentes da Linha do Sado, Junta de Freguesia de Santo
André, Junta de Freguesia do Barreiro, Junta de Freguesia Palhais, Junta de
Freguesia da Verderena, Junta de Freguesia do alto Seixalinho, Junta de
Freguesia Lavradio, Junta de Freguesia de Santo Antonio, Junta de Freguesia de
alhos Vedros, Junta de Freguesia da Baixa da Banheira, Associação Barreiro
Património Memória e Futuro, Cooperativa Cultural Popular Barreirense, SIRB -
Penicheiros, Comissão de Moradores do Bairro do Palácio do Coimbra, Movimento
Cívico de Salvaguardado Património Ferroviário do Barreiro.
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